Vidas secas: expressão do regionalismo de 30

Vidas secas é um romance que está inserido no contexto do modernismo brasileiro. Não aquele que foi inaugurado durante a famosa Semana de Arte Moderna, de 1922 – mas uma segunda geração do modernismo, representada por artistas e escritores que assimilaram as renovações da fase anterior, e as aprofundaram.

Na literatura, estes os representantes dessa geração foram Graciliano Ramos, José Lins do Rêgo, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Erico Verissimo, João Cabral de Melo Neto, entre muitos outros.

Os malandros (1941) - Nessa tela, o pintor paraibano Tomás Santa Rosa representou um momento de transformação na arte brasileira: destaque para gente simples.

Graciliano Ramos foi a principal expressão do regionalismo dos anos 1930, momento em que escritores usaram o romance como uma arma para denunciar as agruras vividas em cantos isolados e esquecidos do Brasil, como a fome, a seca, a migração, a ignorância, a exploração.

Além dele, outros autores criaram nessa época obras-primas do romance regional – José Américo de Almeida e A bagaceira, que traz o tema da crise dos engenhos de açúcar no nordeste; Jorge Amado e o seu Capitães da Areia, que denuncia a miséria e a exploração de crianças de rua na Bahia; Érico Verissimo e seu épico O tempo e o vento, que é ambientado no sul do Brasil, entre outros.

Mas de todos os escritores que retrataram a realidade nordestina, nenhum o fez de maneira mais impiedosa do que Graciliano Ramos.

Nascido em Alagoas, Graciliano chegou a fazer carreira como jornalista e político. Um dos momentos mais difíceis da sua vida  foi os 11 meses de prisão que enfrentou graças a acusações de comunismo, em 1937 – período de Estado Novo, ditadura comandada por Getúlio Vargas.

Cangaceiro (1952)- Aldemir Martins, um dos maiores artistas plásticos brasileiros do século XX, dedicou muitos trabalhos ao sertão e ao cangaço.

Durante esse período, ele escreveu o terrível Memórias do Cárcere, além de ter idealizado capítulos daquele que se tornaria seu romance mais famoso, Vidas secas (1938).

Os professores William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães definem desta maneira a qualidade de romancista de Graciliano Ramos:

“Como romancista, Graciliano Ramos alcançou raro equilíbrio ao reunir análise sociológica e psicológica. Como poucos, retratou o universo do sertanejo nordestino, tanto na figura do fazendeiro autoritário quanto do caboclo comum, o homem de inteligência limitada, vítima das condições do meio natural e social, sem iniciativa, sem consciência de classe, passivo ante aos poderosos.”

Outros importantes romances de Graciliano Ramos foram Caetés (1933), São Bernardo (1934), Angústia (1936), A terra dos meninos pelados (1939), entre outros. Também foi autor de crônicas, contos e traduções.

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