Vidas secas é um romance que está inserido no contexto do modernismo brasileiro. Não aquele que foi inaugurado durante a famosa Semana de Arte Moderna, de 1922 – mas uma segunda geração do modernismo, representada por artistas e escritores que assimilaram as renovações da fase anterior, e as aprofundaram.
Na literatura, estes os representantes dessa geração foram Graciliano Ramos, José Lins do Rêgo, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Erico Verissimo, João Cabral de Melo Neto, entre muitos outros.
Graciliano Ramos foi a principal expressão do regionalismo dos anos 1930, momento em que escritores usaram o romance como uma arma para denunciar as agruras vividas em cantos isolados e esquecidos do Brasil, como a fome, a seca, a migração, a ignorância, a exploração.
Além dele, outros autores criaram nessa época obras-primas do romance regional – José Américo de Almeida e A bagaceira, que traz o tema da crise dos engenhos de açúcar no nordeste; Jorge Amado e o seu Capitães da Areia, que denuncia a miséria e a exploração de crianças de rua na Bahia; Érico Verissimo e seu épico O tempo e o vento, que é ambientado no sul do Brasil, entre outros.
Mas de todos os escritores que retrataram a realidade nordestina, nenhum o fez de maneira mais impiedosa do que Graciliano Ramos.
Nascido em Alagoas, Graciliano chegou a fazer carreira como jornalista e político. Um dos momentos mais difíceis da sua vida foi os 11 meses de prisão que enfrentou graças a acusações de comunismo, em 1937 – período de Estado Novo, ditadura comandada por Getúlio Vargas.
Durante esse período, ele escreveu o terrível Memórias do Cárcere, além de ter idealizado capítulos daquele que se tornaria seu romance mais famoso, Vidas secas (1938).
Os professores William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães definem desta maneira a qualidade de romancista de Graciliano Ramos:
“Como romancista, Graciliano Ramos alcançou raro equilíbrio ao reunir análise sociológica e psicológica. Como poucos, retratou o universo do sertanejo nordestino, tanto na figura do fazendeiro autoritário quanto do caboclo comum, o homem de inteligência limitada, vítima das condições do meio natural e social, sem iniciativa, sem consciência de classe, passivo ante aos poderosos.”
Outros importantes romances de Graciliano Ramos foram Caetés (1933), São Bernardo (1934), Angústia (1936), A terra dos meninos pelados (1939), entre outros. Também foi autor de crônicas, contos e traduções.