Geralmente a primeira coisa que faço ao iniciar um livro novo é colocar uma sinopse sobre ele.
Mas neste primeiro post sobre Édipo Rei, estou com dúvidas se devo fazer isto.
As sinopses tradicionais que eu encontrei por aí são muito spoilers. Elas partem do princípio de que todos já conhecem a história de Édipo, o que não é verdade. Na minha opinião, existem duas formas de ler Édipo Rei:
1) Conhecendo toda a história de antemão, e saboreando a maneira como o intrincado enredo se desenvolve, a construção da tragédia e tudo mais;
2) Não sabendo nada da história, e vibrando a cada revelação, a cada vez que os personagens descobrem os terríveis segredos que recheiam a história…
É claro que ler sem um chato para entregar o final antes é muito melhor!
Devo confessar: eu já li a história da Édipo, esta será minha segunda vez. E, por sorte, da primeira vez eu li sem saber ABSOLUTAMENTE nada do enredo, assim como os espectadores gregos nada sabiam da peça quando a assistiram no teatro, dois mil e quinhentos anos atrás. Nunca mais me esqueci do quanto foi bacana!
Não acho justo privar os leitores dessa emoção.
Mais do que uma tragédia que trata de temas universais dos seres humanos, Édipo Rei é quase um romance policial: um assassinato aconteceu, e quanto mais o herói vai tentando solucioná-lo, mais segredos vão sendo revelados, até que uma terrível e inescapável verdade vem à tona.
Quando eu criei este blog, meu objetivo era entender por que os livros clássicos merecem ser lidos.
Sobre a Édipo Rei, eu já sei a resposta: este livro é uma rara oportunidade de refletir sobre os mistérios do céu e da terra e ao mesmo tempo saborear um enredo muito bem articulado, surpreendente, emocionante.
"A Trilogia Tebana", da Ed. Jorge Zahar: traduções integrais e "Édipo Rei", "Édipo em Colono" e "Antígona"
Para quem tem dificuldade, ou simplesmente não gosta, de ler textos teatrais, deixo como dica a edição romanceada de Didier Lamaison. Provavelmente você vai encontrá-la na estante “Infanto-juvenil” da livraria, mas não se engane: apesar de simplificado, o texto não perde nada em profundidade.
Adaptação de "Édipo Rei", da Ed. Moderna: para quem prefere romances
É uma boa pedida para quem quer ler uma grande história sem se perder nos rebuscamentos da linguagem clássica!