Sinbad desce ao poço dos mortos – parte 2

Continuando com a história de ontem, da quarta viagem de Sinbad…

“Caminhei por aquele subterrâneo e constatei que era mesmo bem amplo, cheio de cadáveres e ossadas.

Repentinamente, eis que a boca do poço se abriu e desceram um homem morto e a sua mulher ainda viva, com pão e água. Quando ela chegou ao fundo, peguei a perna de um cadáver e golpeei-a na cabeça, matando-a. Peguei se pão e sua água para me alimentar.

A cada vez que descia alguém vivo, eu o matava para tomar o pão e a água, assim sobrevivendo durante algum tempo.

Estava nesta situação quando ouvi sons. Ao me aproximar, o som fugiu de mim; segui-o, e ele se afastou. Examinando, vi uma luz proveniente de um buraco que dava para a orla marítima!

O que eu vira brilhando eram os olhos de algum animal marítimo que entrara pelo buraco, a fim de se alimentar da carne dos cadáveres do poço. Minha mente se tranqüilizou e meu coração se confortou.

Aproximei-me do buraco, ampliei-o e deixei-o do tamanho suficiente para um homem sair. Retornei ao poço e ajuntei jóias, adornos de ouro e pérolas que enterravam junto com as mulheres mortas. Enrolei tudo num pano, amarrei com força e saí do subterrâneo, sentando-me na encosta da montanha.”

Simbad no poço dos mortos, parte 1

Certa vez, Sinbad recebeu de presente uma bela moça para ser sua esposa, como reconhecimento aos seus atos heróicos. Ele a aceitou feliz da vida.

Mais tarde ele foi descobrir que aquela cidade tinha um estranhíssimo costume: quando o um homem ou mulher morria, seu cônjuge era enterrado, vivo, junto com eles.

Não deu outra: a mulher de Sinbad adoeceu, morreu, e ele recebeu a notícia de que seria enterrado junto com ela. Sinbad ficou apavorado. Vejam o resto da história:

“O rei aproximou-se de mim para despedir-se e eu me agarrei às suas roupas, dizendo:

– Sou estrangeiro! Sou estrangeiro!

Mas, sem me dar atenção, agarraram-me e desceram-me à força ao poço dos mortos, após colocarem ao meu lado sete pães e um jarro de água. A seguir, repuseram o rochedo sobre a boca do poço e foram embora.

Quando cheguei ao fundo do poço, verifiquei que ali embaixo era amplo, escuro e terrivelmente malcheiroso por causa dos mortos. Alimentei-me daquele pão no primeiro, no segundo e no terceiro dia, até acabar. Também bebi da água do jarro e, a partir no quarto dia, já sem comida nem bebida, dormi no meio dos mortos, à espera de que meu sopro vital se esvaísse, sem distinguir a noite do dia na escuridão do poço.”

As aventuras de Sinbad, o marujo!

Vamos às aventuras das sete viagens de Sinbad (Sindabad), narradas por ele mesmo:

“O sol já se aproximava do ocaso quando súbito adentrou pela porta um negro escuro, que parecia uma palmeira gigante. Os olhos, brilhantes como brasa, se assemelhavam a crateras; os dentes eram como espetos compridos; a boca, mais larga do que a de um jumento; seus lábios inferiores chegavam ao peito; suas orelhas como as de um elefante; as unhas das mãos e dos pés pareciam garras.

Quando o vimos, ele nos rodeou, sentou-se na cama por um tempo. Levantou-se, veio até mim, me ergueu, colocando-me diante de sua cara e pondo-se a me revirar, tal como o açougueiro revira as carnes as carnes a fim de distinguir os gordos dos magros. Ao ver que eu era leve, de carnes escassas, largou-me de lado e agarrou outro.

Fez isso até que sua mão parou no capitão, que era pesado de corpo, largo de ombros, o mais corpulento dos homens. Agarrando-o tal como o gavião agarra o passarinho, pegou um dos espetos, introduziu-o em seu ânus, fazendo-o sair pela cabeça. Amarrou-lhe mãos e pés, acendeu o fogo, assou-o na brasa por alguns momentos, acomodou-se na tenda e retalhou-o com as unhas, devorando-o por inteiro.”

Para escapar do terrível monstro canibal, que mais tarde eles descobriram ser o rei dos macacos em forma de homem, Sinbad bolou um plano. Esperou o bicho dormir e espetou seu olhos com espetos incandescentes. Enquanto o monstro estrebuchava, Sinbad e seus homens lançaram-se ao mar com uma jangada improvisada, feita de restos de madeira. Mas os guardas do macacão saíram atrás deles, atirando pedras no barquinho. Muitos homens caíram na água e morream afogados, mas Sinbad foi um dos que se salvaram.

Gostaram da história? Pois esperem para ver a de amanhã. É ainda melhor!