Nossa milésima primeira noite

A cobetura das Mil e Uma Noites, neste modesto porém honesto blog, está chagando no fim.

Foram cerca de três semanas em que eu andei para cima e para baixo algum daqueles três volumes debaixo do braço. Quase sempre provocando um sorriso de simpatia em quem tinha a curiosidade de perguntar que livro era.

Mergulhar no universo árabe e muçulmano, sem a interferência da mídia internacional, é uma experiência a qual nós, no Brasil, não estamos acostumados.

Agradeço aos leitores que acompanharam este meus primeiros passos. Gostaria que vocês tenham tirado algum proveito desta experiência, tão enriquecedora para mim. Uma reflexão, um sorriso, uma interjeição qualquer.

Mas se você não teve qualquer uma dessas reações, pare para ouvir a seguinte coluna do Arnaldo Jabor, de duas semanas atrás. Garanto que vai valer a pena.

CBN – A rádio que toca notícia – Arnaldo Jabor.

E aí, que tal?

Até logo. E no próximo post, livro novo!

Sinbad desce ao poço dos mortos – parte 2

Continuando com a história de ontem, da quarta viagem de Sinbad…

“Caminhei por aquele subterrâneo e constatei que era mesmo bem amplo, cheio de cadáveres e ossadas.

Repentinamente, eis que a boca do poço se abriu e desceram um homem morto e a sua mulher ainda viva, com pão e água. Quando ela chegou ao fundo, peguei a perna de um cadáver e golpeei-a na cabeça, matando-a. Peguei se pão e sua água para me alimentar.

A cada vez que descia alguém vivo, eu o matava para tomar o pão e a água, assim sobrevivendo durante algum tempo.

Estava nesta situação quando ouvi sons. Ao me aproximar, o som fugiu de mim; segui-o, e ele se afastou. Examinando, vi uma luz proveniente de um buraco que dava para a orla marítima!

O que eu vira brilhando eram os olhos de algum animal marítimo que entrara pelo buraco, a fim de se alimentar da carne dos cadáveres do poço. Minha mente se tranqüilizou e meu coração se confortou.

Aproximei-me do buraco, ampliei-o e deixei-o do tamanho suficiente para um homem sair. Retornei ao poço e ajuntei jóias, adornos de ouro e pérolas que enterravam junto com as mulheres mortas. Enrolei tudo num pano, amarrei com força e saí do subterrâneo, sentando-me na encosta da montanha.”

Simbad no poço dos mortos, parte 1

Certa vez, Sinbad recebeu de presente uma bela moça para ser sua esposa, como reconhecimento aos seus atos heróicos. Ele a aceitou feliz da vida.

Mais tarde ele foi descobrir que aquela cidade tinha um estranhíssimo costume: quando o um homem ou mulher morria, seu cônjuge era enterrado, vivo, junto com eles.

Não deu outra: a mulher de Sinbad adoeceu, morreu, e ele recebeu a notícia de que seria enterrado junto com ela. Sinbad ficou apavorado. Vejam o resto da história:

“O rei aproximou-se de mim para despedir-se e eu me agarrei às suas roupas, dizendo:

– Sou estrangeiro! Sou estrangeiro!

Mas, sem me dar atenção, agarraram-me e desceram-me à força ao poço dos mortos, após colocarem ao meu lado sete pães e um jarro de água. A seguir, repuseram o rochedo sobre a boca do poço e foram embora.

Quando cheguei ao fundo do poço, verifiquei que ali embaixo era amplo, escuro e terrivelmente malcheiroso por causa dos mortos. Alimentei-me daquele pão no primeiro, no segundo e no terceiro dia, até acabar. Também bebi da água do jarro e, a partir no quarto dia, já sem comida nem bebida, dormi no meio dos mortos, à espera de que meu sopro vital se esvaísse, sem distinguir a noite do dia na escuridão do poço.”

As aventuras de Sinbad, o marujo!

Vamos às aventuras das sete viagens de Sinbad (Sindabad), narradas por ele mesmo:

“O sol já se aproximava do ocaso quando súbito adentrou pela porta um negro escuro, que parecia uma palmeira gigante. Os olhos, brilhantes como brasa, se assemelhavam a crateras; os dentes eram como espetos compridos; a boca, mais larga do que a de um jumento; seus lábios inferiores chegavam ao peito; suas orelhas como as de um elefante; as unhas das mãos e dos pés pareciam garras.

Quando o vimos, ele nos rodeou, sentou-se na cama por um tempo. Levantou-se, veio até mim, me ergueu, colocando-me diante de sua cara e pondo-se a me revirar, tal como o açougueiro revira as carnes as carnes a fim de distinguir os gordos dos magros. Ao ver que eu era leve, de carnes escassas, largou-me de lado e agarrou outro.

Fez isso até que sua mão parou no capitão, que era pesado de corpo, largo de ombros, o mais corpulento dos homens. Agarrando-o tal como o gavião agarra o passarinho, pegou um dos espetos, introduziu-o em seu ânus, fazendo-o sair pela cabeça. Amarrou-lhe mãos e pés, acendeu o fogo, assou-o na brasa por alguns momentos, acomodou-se na tenda e retalhou-o com as unhas, devorando-o por inteiro.”

Para escapar do terrível monstro canibal, que mais tarde eles descobriram ser o rei dos macacos em forma de homem, Sinbad bolou um plano. Esperou o bicho dormir e espetou seu olhos com espetos incandescentes. Enquanto o monstro estrebuchava, Sinbad e seus homens lançaram-se ao mar com uma jangada improvisada, feita de restos de madeira. Mas os guardas do macacão saíram atrás deles, atirando pedras no barquinho. Muitos homens caíram na água e morream afogados, mas Sinbad foi um dos que se salvaram.

Gostaram da história? Pois esperem para ver a de amanhã. É ainda melhor!

Mas tava demorando!

Pois é, já que estamos há mais de duas semanas falando das Mil e Uma Noites, não dava para deixar de lado o desenho do Aladdin!

Alguns vão dizer que a Disney desvirtuou a história, travestindo-a de valores ocidentais,  e blá, blá, blá.

Mas o fato é que sem este filme (inesquecível, muito bem-feito) a minha geração não teria a mesma simpatia pelo universo maravilhoso das Mil e Uma Noites ou, como dizem os americanos, das Arabian Nights.

Vou adicionar também este vídeo, que respondeu a uma  dúvida que eu tenho desde pequenininha sobre os desenhos animados: o que é feito primeiro, os desenhos, ou a dublagem?

Pois é, o segredo para que bocas dos personagens se movam tão perfeitamente com as falas é que as vozes são gravadas primeiro!

Vejam aí (pena que não tem legendas…)

Repararam que o Robin Williams faz o gênio?? E que cabelo, heim…

E começa a reta final!

Finalmente estou no terceiro volume do Livro das Mil e Uma Noites!

Também descobri que estão previstos mais dois volumes para esta coleção ficar completa, mas ainda não há previsão de lançamento…

Dei uma olhadinha no índice  e parece que este livro promete: são muitas contos, a maioria curtinhos, cheias de magia e aventura. E finalmente vou ler sobre o marujo Simbad (só que aqui ele chama Sindabad).

Comprei o livro hoje, e aproveito para deixar um protesto: não consegui encontrá-lo nem na biblioteca da minha faculdade, nem nas bibliotecas municipais! Fui obrigada a pagar extorsivos 49 reais por ele. Ai, meu salarinho…

Decidi que, quando eu terminar de ler este livro, vou doá-lo alguma biblioteca.

Vamos ver se ainda hoje eu ainda não coloco algum trechinho bacana de algum conto!

Aprenda com os árabes a como tratar seus empregados!

Nas Mil e Uma Noites, os protagonistas são sempre belos como a lua, esbeltos como uma gazela e justos como o profeta. Mas com relação aos subalternos, a regra é uma só: ao menor sinal de contrariedade, pancadaria, linchamento e crucificação.

Vejam o exemplo da bela Badur, filha de um poderoso rei. Certo dia, dois gênios caprichosos fizeram uma aposta: fariam-na dormir com outro belo príncipe, e aquele que se apaixonasse primeiro seria considerado o inferior. Badur se apaixona perdidamente pelo rapaz. Entretanto, quando desperta, os gênios o haviam levado embora…

Veja só o que aconteceu:

Quando a senhorita Badur se sentou e não viu seu jovem amado, seu coração estremeceu e ela gritou. As criadas e as camareiras acordaram, e as aias foram acudi-la. A mais velha avançou até ela e lhe perguntou:

Senhorita, o que a atingiu? – e ela respondeu à velha:

– Onde está o querido do meu coração, meu amado, onde está? – Ao ouvir estas palavras, a velha se encolheu e disse:

– Ai, senhorita! Que horríveis palavras são essas? – Budur repondeu:

– Ai de você! O meu amado é o jovem gracioso, dono de olhos negros e das sobrancelhas espetadas que dormiu comigo esta noite! – A velha disse:

– Ai, senhorita! Por Deus, não faça conosco essa brincadeira, que assim você acaba com a minha vida! Sou uma mulher velha, à beira do túmulo, e você quer fazer-me perder a vida com tanto sofrimento? – Budur disse:

– Sua velha safada, você é que está rindo de mim e me fazendo de brinquedo!

E, erguendo-se rapidamente da cama, desceu e empurrou a velha, que caiu de costas, com as pernas erguidas; estava sem as roupas de baixo, e suas partes íntimas apareceram. Budur olhou para ela, e eis que a velha fazia tempo que não ia ao banho; por isso, seu pelame estava muito denso, inclusive na vagina; montou em seu peito e gritou para as outras criadas e velhas dizendo:

– Montem-lhe no peito e paralisem suas mãos e os seus pés!

Elas assim agiram, e Budur então arrancou os seus pêlos. Assim que despertou, a velha foi secretamente, por temor ao rei, até a mãe de Budur, a quem informou o que acontecera…


Pelo buraco da fechadura: o mercado de mulheres

Definitivamente, o volume 2 não é o forte desta edição das Mil e Uma Noites! Os gênios, feiticeiros e demônios não apareceram tanto neste volume quanto no volume 1. Por isto, as histórias são bem mais paradas.

Cansa um pouco ler e reler contos com personagens muito parecidos: os protagonistas são sempre filhos de sultões; são sempre os mais belos homens que já habitaram a terra; sempre são alvo de intriga dos vizires ambiciosos; passam a vida a procurar mulheres lindas e de elevada posição; no entanto, acabam encontrando feiticeiras malignas ou filhas de reis impiedosos. No final, o príncipe sempre se casa com a mulher mais bela do mundo. As festividades duram muitos meses e esmolas são distribuídas aos miseráveis e às viúvas…

Pelo menos, eu selecionei para hoje o trecho de uma cena muito legal sobre o mercado de escravas. Naquela época, as cumcubinas faziam parte do patrimônio dos homens, assim como um cavalo, um barco, ou um palácio. E algumas podiam custar até 10 mil moedas de ouro, como a escrava chamada Anisuljalis… Acompanhe!

Mercado de Escravos, de Jean-Léon Gérôme

“O leiloeiro esperou até o mercado lotar e que começassem a ser vendidas escravas de várias raças, tais como núbias, senegalesas, francas, sudanesas, gregas, mongóis e outras. Portanto, logo que o mercado de escravos se encheu, o leiloeiro ficou de pé e gritou:

– Ó mercadores, ó donos do dinheiro! Tenho aqui comigo uma pérola singular! – e exibe a escrava Anisuljalis, a mais bela que já se viu – Por quanto vão comprá-la? Por quanto abro o pregão?

Um mercador disse:

– Ofereço quatro mil moedas de ouro! – e então o leiloeiro abriu o pregão e disse:

– E isso é oferta que se faça? – Anisuljalis tinha sido comprada por dez mil moedas de outro pelo jovem vizir Nuruddin Ali, que agora estava falido.

De repente, passou por ali o inescrupulso vizir Almuin Bin Sawi e viu Nuruddin ali parado.

“Por que será que Nuruddin está aqui parado?”, disse de si para si. “Será que ainda sobrou algum dinheiro para esse moleque comprar escravas?”

E, girando rapidamente o olhar, viu o leiloeiro no meio do mercado, e pensou:

“Se minha adivinhação estiver correta, então ele faliu e veio trazer a escrava Anisuljalis para ser leiloada! Isto é um refresco para o meu fígado!”

Ato contínuo, ele chamou o leiloeiro e disse:

– Quanto já ofereceram por esta jovem? – Ele repondeu:

– Meu senhor, já ofereceram quatro mil moedas de ouro.

– Eu pagarei essas quatro mil moedas!

Quando se ouviu aquilo, nenhum mercador ousou aumentar a oferta, pois todos conheciam a injustiça e perfídia do vizir….”

Leituras políticas das Mil e Uma Noites: Pier Paolo Pasolini

Eu adoro os diretores italianos. Não sou nenhuma especialista, mas tenho uma teoria sobre o que fazem cineastas como Federico Fellini, Ettore Scola e Mario Monicelli tão originais: é que eles nasceram e cresceram numa sociedade que até hoje não superou o moralismo católico e o machismo (basta ver o exemplo do Silvio Berlusconi). Assim, eles chegam a níveis únicos de transgressão, expondo e ridicularizando os valores familiares e cristãos de maneira pungente (e deliciosa). Até que é legal brincar de crítica de cinema!

Pesquisando sobre as Mil e Uma Noites, conheci mais um desses artistas geniais e despirocados: o bolonhês Pier Paolo Pasolini. Ele ficou conhecido pelo radicalismo com que expressava a sua arte. Nos anos 1970, a sua “Triologia da Vida” (Decamerão, Os contos de Conterbury e As Mil e Uma Noites) ganhou inesperada popularidade, pelo seu conteúdo político e erótico. Mais tarde, Pasolini renegaria estas obras, que foram parodiadas pela indústria cultural na forma de pornografia.

Veja o que disse certa vez o Marcelo Janot (este sim, crítico de verdade):

“Nascido em 1922, filho de um militar que serviu durante o período fascista e de uma professora primária que despertou nele o gosto pela poesia, Pasolini fez do inconformismo sua bandeira contra os valores burgueses e cristãos da sociedade italiana.

Poeta, escritor, pintor, ensaísta – Pasolini era um sujeito extremamente culto que, como poucos, fez da arte uma perigosa arma política. Tanto que, até hoje, há controvérsias quanto aos motivos que levaram a sua morte, em 1975, oficialmente atribuída ao seu envolvimento com garotas de programa.

O fato é que, mais de três décadas depois, ainda é possível fazer leituras políticas de um filme como Mil e Uma Noites, em que os servos e os escravos passam de dominados a dominadores, para subverter a hierarquia social através de elementos como o sexo e o desejo.”

Feminismo em As Mil e Uma Noites

Ainda pesquisando sobre a obra, encontrei este texto do falecido professor Jamil Almansur Haddad. Na verdade, não é um artigo, e sim a transcrição de uma palestra que ele comandou em 1986, durante a Semana de Estudos Árabes, na FFLCH/USP.

Achei muito interessante a forma como ele insere a principal história das Mil e Uma Noitas (a história de Sahrazad e do rei Sahriyar) na temática do feminismo.

Fico pensando: quem diria, a Sahrazad como símbolo de resistência à opressão feminina. É de se parar para refletir quando a gente vê capas de revista como esta:

Revista Time de julho de 2010, com a foto de uma moça afegã mutilada por tentar fugir da casa do marido. Saiba maisclicando aqui.


“Ao pensar em Chahrzad, lembro-me imediatamente de Ester, de Judite, de Joana D’Arc, de Mata Hari, de Afrodite, e da Nicarágua. Mas por quê? Que tem que ver uma cousa com outra? Tem que ver, porque tudo se liga, tudo se une, tudo se continua, ou, como o espanhol gosta de dizer, tudo `se conecta’, em direção a uma unidade. (…)

O que se sabe do raconto das Mil e Uma Noites é que Chahrzad contava histórias ao rei Chahryar. (…) E fato de ela contar-lhe histórias, de maneira infinita, tem um sentido imediato de luta contra a morte e um outro sentido amplo, geral, social, político, o de evitar que acabassem tendo esse destino, outras mulheres, as mulheres de seu povo. De modo que Chahrzad se liga ao mito, digamos, à figura da mulher redentora, de que a história está repleta. O que faço -partir de Chahrzad e chegar aos dias contemporâneos- é possível porque este tipo de personagem é extremamente repetitivo, ou seja, em circunstâncias iguais de opressão e havendo pessoas de determinada conformação psicológica, a personagem destes tipos de heroína vem à tona.

É nesse sentido que a Ester bíblica se relaciona com Chahrzad. Porque o que aconteceu com Ester, de acordo com a Bíblia, é que o rei Assuero, um dia, chama sua mulher Vasti e ela simplesmente não atende ao chamado, cometendo, portanto, dentro do espírito do tempo, um crime grave: o da desobediência. Para a visão oriental – e para o ciúme do macho oriental -, a desobediência é meio caminho andado, é meio adultério. A adúltera tem que ser castigada, como é o caso da pena bíblica da lapidação. Também a mágoa do rei Chahryar decorria da infidelidade das mulheres de que ele se sentia vítima. Mas, na história de Ester, o que se resolveu foi chamar os “assessores técnicos” do rei e, no caso, foi preciso buscar, por todo o país, virgens, dentre as quais fosse escolhida a sucessora da infiel. E, assim, houve requisição de mil virgens. Aí aparece a figura de Ester: ela faz o jogo da sedução, envolve o rei e salva, deste modo, as mulheres de seu povo. (…)

Na mesma linha de Chahrzad e de Ester, encontramos outra figura bíblica: a de Judite, que, para salvar seu povo, envolve, sexualmente, o rei Holofernes para matá-lo. Aliás, o que contemplamos na pintura é a imagem de Judite com uma bandeja, contendo a cabeça decepada do rei vencido, tal como aquela outra cabeça decepada que aparece nas documentações iconográficas: Salomé com a cabeça de São João Batista. Só que Judite está com o punhal, porque ela mesma decepou a cabeça, enquanto Salomé achou mais cômodo mandar que outro a decepasse por ela.

Enfim, essas mulheres são misto de Joana D’Arc, sedutora, com Mata Hari e seu complexo de espionagem, com a presença erótica de Afrodite: condensam em si toda uma gama que vai desde o amor até o sexo, em todas as variedades possíveis de amor (e, no caso, o amor sexual instrumentalizado, funcionalizado, em vista do tipo de atuação que assinalei).

E a Nicarágua? Na Nicarágua, num certo momento, realizava-se um baile, uma festa, em homenagem a um velho político. Aparece, de repente, uma jovem, querendo entrar no baile. Não tinha convite, mas o convite que tinha e o argumento que tinha era sua extraordinária beleza. E a moça entrou. Em seguida, chega o companheiro dela, exclamando que, lá dentro, sua mulher o estava traindo (sempre o problema do adultério…). E deixam-no entrar. A bela nicaraguense tira, então, um revólver de seu seio; dá-o ao companheiro, que mata o político. Hoje, ele é herói nacional da Nicarágua.

Torna-se claro que essa herança, essa hereditariedade, a transmissão de comportamento desse tipo, transcende o âmbito individual, passional das criaturas, adquirindo caráter nacional, internacional, supra-temporal.”

Leia a conferência na íntegra.