Pobrezinho do Godofredo.
O sócio-fundador da firma Alves e Cia é um homem de quase quarenta anos que carrega apenas uma grande frustração na vida: o ridículo nome Godofredo, herança da paixão da mãe pelos folhetins românticos.
Mas de certa forma, Godofredo Alves reconhece em si mesmo algo do fascínio pelos romances e aventuras que povoavam a imaginação da sua falecida mãe. Tanto é que se diverte em acompanhar de longe as peripécias sexuais do sócio, o Machado – aventuras que ele, homem sério e dedicado, jamais se atreveria a protagonizar.
Num belo dia, porém, o mundo do Godofredo desaba. Chegando mais cedo em casa, para fazer uma surpresa de aniversário de casamento, encontra Machado nos braços da sua mulher, Ludovina.
É então que começa o pesadelo pessoal de Godofredo Alves, narrado magistralmente por Eça de Queiroz.
“… Godofredo sentiu no fundo a garganta sufocada pelo seu ridículo… Sentiu-se pertencendo a essa tribo grotesca dos maridos traídos, que não podiam entrar em casa sem que, de dentro, escapasse um amante.”
O calvário de Godofredo, na tentativa de salvar a sua honra, passa por uma sucessão de personagens caricatos que transformam Alves e Cia numa obra-prima do sarcasmo: um sogro aproveitador, um melhor amigo insensível, um segundo melhor amigo cafajeste.
Até que Alves tem a grande ideia: desafiar Machado a um duelo com apenas uma pistola carregada, que seria sorteada ao acaso.
Esta e outras estupidezes que povoam a cabeça do pobre Godofredo Alves são os ingredientes principais de uma perfeita alegoria da sociedade burguesa em toda a sua imoralidade e hipocrisia.
Marco Nanini e Alexandre Borges em "Amor e cia"
No Brasil, o livro foi adaptado para o cinema em 1999, com o nome de Amor e Cia. Ambientada em São João del Rey no final do século XIX, traz Marco Nanini na pele do ingênuo Godofredo, Alexandre Borges como o conquistador Machado e Patrícia Pillar como Ludovina, a esposa adúltera.