Muito tempo atrás, quando o blog era apenas um bebê de três semanas, eu percebi pela primeira vez que ler os “1001 livros para ler antes de morrer” da nossa lista original não seria assim tão fácil.
Muitas obras que lá fora são clássicos extremamente populares nunca botaram os pés no Brasil. Pelo menos, não em português.
É nessas horas que a gente vê o quanto a cultura dos livros é incipiente no nosso país. Sempre que saio de São Paulo, fico impressionada com a dificuldade de encontrar livrarias, mesmo em cidades muito importantes! Bem, para falar a verdade, mesmo em São Paulo é difícil achar boas livrarias nos bairros periféricos. E quando as encontro, a oferta é minúscula, resumida basicamente em best sellers e livros de autoajuda.
Fonte: pesquisa "Retratos da leitura no Brasil" - Instituto Pró-Livro
Já disse mais de uma vez aqui que não tenho nada contra estes livros – pelo contrário, acho que eles são importantíssimos para inseminar a sementinha da leitura nas pessoas, principalmente nos jovens.
Por outro lado, não encontrar com facilidade os livros do Fernando Sabino, da Lygia Fagundes Telles, do Érico Verissimo e de tantos outros grandes escritores brasileiros é simplesmente revoltante! Estes autores deveriam ser facilmente encontrados em qualquer banca de jornal, vendidos por menos de dez reais!
Mas, infelizmente, não dá colocar a culpa apenas nas editoras, que imprimem tiragens pequenas e luxuosas dos clássicos da literatura, e as distribuem só para redes de livrarias das grandes metrópoles, a preços exorbitantes.
O Leo, um amigo meu que é formado em editoração, me deu uma explicação simples do porquê dessa situação.
As editoras brasileiras não produzem livros baratos com papel de jornal porque os livros podem demorar meses ou até anos nas prateleiras de uma livraria para serem vendidos. Se o papel não tiver qualidade, ele amarela, a capa amassa, enfim – o produto se torna pouco atraente para o consumidor.
Além do mais, existe o problema da demanda. O mercado de livros é muito pequeno no Brasil, por isso as tiragens têm de ser pequenas, se não os produtos correm o risco de ficar encalhados. Tudo isso leva os livros a terem uma tiragem média de apenas 2/3 mil exemplares, enquanto num país como os Estados Unidos a tiragem de um livro comum é de no mínimo 10 mil.
(Saiba mais lendo esta matéria da Superinteressante)
O resultado dessa triste equação é que existem algumas histórias que os editores não tem sequer interesse de publicar no Brasil, porque são tão desconhecidas que as vendas seriam pífias.
É o caso do nosso 12º livro, O conto do cortador de Bambu.
Você já ouviu falar? Eu nunca tinha ouvido falar…
Mas com uma simples pesquisa no Google, eu descobri que trata-se de uma fábula muito conhecida no Japão, fonte de inspiração para dezenas de produções, como o famoso mangá/desenho animado Sailor Moon.
Momento nostalgia: enquanto os meninos viam Dragon Ball, as meninas ficavam com Sailor Moon
Mas não havia edição em português… então encomendei uma em espanhol. Demorou quase três meses para chegar, até pensei que não viria mais. E mesmo com todos os custos de importação, chegou custando 30 reais. Caro, mas bem mais em conta do que os 49 reais que custam A Guerra dos Tronos – As Crônicas de Gelo e Fogo, atual campeã de vendas da livraria Saraiva…
Infelizmente, na lista dos “1001 livros para ler antes de morrer” eu encontrei muitos outros livros na mesma situação. E não vai ser possível ficar encomendando um livro por semana, meu orçamento não vai aguentar…
Bom, o post ficou bem mais comprido do que eu imaginei, então vou deixar a sinopse para amanhã.
Por sinal, ficou muito bonito o tamplate novo, não é?