Um capítulo por dia, saboreando, fazendo economia….
Às vezes exagerando um pouco e lendo um tiquinho a mais…
(e sempre com tristeza crescente cada vez que as páginas iam acabando…)
Mas, infelizmente, terminei.
E o que vai ser de mim agora?
Fazer vídeos para o Ler Antes de Morrer era um sonho antigo… Que depois de muito trabalho, da colaboração dos amigos e de um feriadão cheio de tempo livre, finalmente se realizou!
No episódio de estreia, minha humilde homenagem a Gabriel García Márquez, autor do 70º livro do blog – Cem Anos de Solidão – e também do 33º – Relato de um Náufrago, que foi lido em 2012.
E que venham muitos mais!
Apesar de ser um livro conhecido por fugir do senso comum, Cem Anos de Solidão pode ser resumido com uma definição simples: a saga da família Buendía.
Mas já começam aí as coisas diferentes, que você nunca viu em nenhum outro livro. Os Buendía são uma raça antiga e muito fértil, mas sem muita criatividade para batizar… em outras palavras, por mais que as gerações avancem, os nomes são sempre os mesmos. José Arcadio é pai de José Arcadio e Aureliano, filho de José Arcadio, bisneto de outro José Arcadio, sobrinho de Aureliano, avô de Arcadio e Arcadio José, e assim por diante.
É confuso? É. Mas também funciona como componente poético importante, estratégia para aumentar a atmosfera mítica de Cem Anos de Solidão, onde os nomes não mudam, as paixões de conflitos também não, e o tempo fica como se estivesse sempre parado.
São muitas as árvores genealógicas da família Buendía criadas pelos fãs da obra para facilitar a leitura. Para publicar aqui, eu escolhi esta, porque tem as mais belas ilustrações.
Mas confesso que prefiro não consultar… Acho mais gostoso me deixar confundir e surpreender pela prosa boa de Gabriel García Márquez.
Mais um livro indicado por um professor da faculdade. Esta foi a resenha que eu entreguei a ele.
Autor: Gabriel García Márquez Título original: Relato de un Náufrago Ano de publicação: 1970 (no jornal “El Espectador”, de Bogotá)Quando se fala em Gabriel García Márquez a imagem que vem à cabeça é sempre a do vencedor do prêmio Nobel, que imaginou em transformou em palavras eternas o realismo fantástico de Cem Anos de Solidão. O que poucos sabem, porém, é que a qualidade literária deste autor tão conceituado se formou com a narração de outro tipo de realidade, muito mais objetiva, porém não menos fantástica: a realidade jornalística.
Uma das obras que lançaram Márquez para a fama é justamente um livro-reportagem: Relato de um Náufrago, publicado em 1970. Nela, Márquez transporta o leitor para a realidade do marinheiro Luís Alejandro Velasco, que em 1955 passara dez dias à deriva depois que o navio da Marinha colombiana que o transportava naufragou. Apesar de afirmar constantemente que aquela história não é sua, e sim de Velasco (homem que foi elevado à herói nacional e rebaixado a anônimo numa velocidade surpreendente), é sem dúvida de García Márquez o talento levar o leitor ao meio do mar do Caribe, prendendo a atenção da primeira à última página.
Numa narrativa precisa e ao mesmo tempo poética, acompanhamos os momentos em que Velasco se viu apegado à esperança de ser encontrado ou à beira da loucura provocada pela sede e pela fome. As gaivotas que por vezes o rondavam podiam indicar que ele estaria perto de terra firme, e ao mesmo tempo poderia ser um grupo perdido. Muitas vezes, ele deseja a morte. Em outras, se mostra capaz de enfrentar tudo, a pele queimada, os tubarões que surgiam pontualmente à cinco horas, o sal do mar que lhe corroía as feridas, a falta de esperanças.
Mas por trás da história hollywoodiana de sobrevivência, Relato de um Náufrago é, na verdade, uma denúncia. Quinze anos depois de ser elevado a herói, ser beijado por beldades, ter estrelado campanhas publicitárias e em seguida ser esquecido, Velasco resolve revelar a verdade por trás do naufrágio que quase o matou – um esquema ilegal e imoral, que tinha como cúmplice o próprio governo colombiano. Uma história podre que chega a parecer fantasia, e que o jornalista García Márquez provou já possuir o talento para contar.